terça-feira, 20 de janeiro de 2015

RIO DE JANEIRO, DESDE SEMPRE.


Meio dia.
O calor turva a visão em ondas, no asfalto mole.
Burburinho, tiros, gritos, arrastão.
Ouvi uma flecha zunir no ar.
Acho que vou desmaiar.
Centenas desciam o Morro da Urca,corpos dourados,nus,enfeites,armas.
Guerreiros se esgueiravam pela mata fechada, morada, Tupis.
Nenhuma brisa vinha do mar.
Acho que vou desmaiar.
Mate!
Tá geladinho, moço? Mistura com limão.
Na minha mão, um saiote de penas vermelhas brilhava.
Vi uma flecha cair, zunindo no ar.
Acho que vou desmaiar.
Foi bala perdida! Eu ouvia, ao longe... Foi bala perdida!
Um filete de sangue escorria por entre as costelas;
na altura do coração é que dói mais.





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